Melhoramento genético de cana-de-açúcar - PMGCA - UFPR
A capacidade de reprodução sexuada da cana-de-açúcar permite a realização de hibridações, etapa fundamental em um programa de melhoramento para explorar combinações parentais e ampliar a variabilidade genética. Além disso, a capacidade de também possuir reprodução assexuada da cana-de-açúcar permite a seleção e clonagem de indivíduos superiores, de modo que se torna possível a manutenção genética de um indivíduo durante diversos ciclos de propagação vegetativa. Deste modo, o melhoramento genético da cana-de-açúcar é caracterizado por uma fase inicial de hibridação (reprodução sexuada) e sucessivas fases de seleção e multiplicação clonal (reprodução assexuada) até a obtenção de um clone elite como variedade comercial.
O melhoramento genético da cana-de-açúcar da Universidade Federal do Paraná, integrante da Rede Inteuniversitária para o Desenvolvimento Sucroenergético (PMGCA - UFPR - RIDESA) inicia com a hibridação realizada com genitores selecionados. Nesta etapa são produzidas sementes botânicas utilizadas para implantação da primeira etapa de seleção, denominada "Tapetinho", resultando em uma primeira fase de seleção clonal (Figura 1). As fases subsequentes consistem na seleção e multiplicação vegetativa de clones superiores, tendo como critério de seleção o vigor, e desempenho produtivo, resistência as principais doenças, elevado teor de açúcar e aptidão a mecanização. A seleção é praticada em todas as fases baseada em avaliações periódicas, consistindo um processo longo de aproximadamente 12 a 15 anos da hibridação até obter-se uma variedade comercial. As novas variedades e clones promissores são inseridos junto ao Banco Ativo de Germoplasma (BAG) para compor o conjunto de genitores, em um processo denominado de "seleção recorrente".
Figura 1. Metodologia de condução e seleção do melhoramento genético de cana-de-açúcar do PMGCA - UFPR - RIDESA
As hibridações e a produção de sementes é realizadas pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), em estações de floração e hibridação específicas. As sementes produzidas nesta fase são enviadas para as demais instituições integrantes da RIDESA, onde inicia-se o processo de seleção clonal. No PMGCA - UFPR - RIDESA as primeiras fases de seleção são realizadas na estação experimental de Paranavaí, pertencente a UFPR. As fases mais avançadas de seleção e multiplicação também são conduzidas nas bases de pesquisa, localizadas junto as unidade produtivas (Usinas) no norte e noroeste do Paraná (Figura2), totalizando 10 ambientes de experimentação nas diferentes fases do PMGCA -UFPR - RIDESA. Estas bases de pesquisa apresentam diferentes condições de solo e clima, favorecendo os testes experimentais para identificação das respostas varietais a determinadas condições ambientais.
Figura 2. Bases de pesquisa do PMGCA - UFPR - RIDESA.
A condução de experimentos junto as unidades produtivas gera resultados importantes para o processo de seleção, evidenciando a interação genótipo x ambiente, adaptabilidade as condições de manejo, resposta as diferentes condições meteorológicas e de solo, mecanização e estabilidade produtiva, garantindo maior acurácia no processo seletivo e decisões mais assertivas na indicação de uma variedade comercial.